sábado, 3 de setembro de 2011

Sacrifício de Louvor

Gostava de vos falar do meu querido amigo e da forma como ele se converteu a Cristo. Tendo crescido numa certa denominação cristã, o meu amigo estava certo de que a sua salvação dependia da forma como vivia a sua vida. Se ele fosse à igreja e fizesse tudo o que lhe diziam que devia fazer, a sua salvação estaria garantida. A verdade é que ele não tinha paz na sua vida espiritual e cada vez que tentava fazer tudo "certo", acabava por caír e cada vez mais fundo. Ele começou a frequentar os cultos da nossa igreja e, num domingo de Páscoa, ele escutou como no dia da morte de Jesus, o véu do templo se rasgou de alto a baixo. Com emoção o meu amigo admitiu diante de Deus que ele tinha estado a vida toda a tentar fazer o que Cristo já tinha feito por ele. Ele aceitou a Cristo como Senhor e Salvador e tive a honra de realizar o seu baptismo.

Uma das verdades bíblicas mais queridas da história dos baptistas é o sacerdócio universal dos crentes. Isso significa simplesmente que com a morte de Cristo na cruz, deixou de haver separação entre os homens e Deus. Qualquer pessoa, seja quem for, pode aproximar-se de Deus se o fizer através de Jesus Cristo. Estando na presença de Deus (que privilégio!) podemos apresentar-Lhe sacrifícios que Lhe agradem. Um desses sacrifícios, é o que a Bíblia chama de "sacrifício de louvor" (Heb. 13:15). Esta é uma mensagem importante e quero apenas dar-lhe o resumo deste ensinamento. Para chegarmos a este sacrifício gostaria que considerasse o caminho para a louvor, o custo do louvor e a causa do louvor.

O Caminho para o Louvor
"Saiamos, pois, a ele fora do arraial..." (Heb. 13:13a)
Para poder louvar a Deus condignamente, precisamos de estar a dar os passos certos na direcção certa. Em primeiro lugar precisamos de dar o passo do arrependimento. Este é um tema que não podemos menosprezar. Os pecadores precisam de saber que os passos que estão a dar são passos para longe de Deus. O mundo sem Cristo precisa de perceber que está cada vez mais próximo de uma eternidade sem Cristo. Voltar as costas ao pecado e dar o primeiro passo para Cristo é uma decisão com consequências eternas. A Bíblia diz-nos que há grande alegria no céu por cada pecador que se arrepende.  Depois de voltar as costas ao pecado, cada pessoa precisa de caminhar para Cristo. Assim, para poder louvar a Deus, cada pessoa tem de dar um passo específico e claro. Todos os que já se arrependeram biblicamente sabem-no. Podem não se lembrar do dia, ou do mês, mas sabem quando voltaram as costas ao pecado e decidiram caminhar para Cristo. 
Podem dizer, mas onde entra Deus nesse processo? Não será demasiado humanista dizer-se que depende de cada um deixar o pecado e ir a Cristo? Não nos podemos esquecer que Deus providenciou a salvação. É Ele que chama o pecador. É Deus também que coloca a fé no coração. E quando o homem finalmente se arrepende, é Deus que opera o novo nascimento. O pecador que se salva não tem mais ninguém a quem agradecer a não ser ao Deus da Bíblia.
Ainda bem que assim é, pois os passos para Cristo não são passos fáceis. Somos chamados a sair da cidade e ir até aos pés da cruz. A cidade representa o conforto da carne, a aceitação da sociedade. O caminhar em direcção à cruz simboliza a vida do crente. Esse deve ser o objectivo de cada cristão enquanto estiver no mundo - andar com Deus.
Cada passo neste trajecto seria impossível sem o poder de Deus. No entanto, é preferível rodar lentamente numa estrada esburacada e estreita, na direcção certa, do que rodar confortavelmente numa autoestrada que nos leva à destruição.
O crente que pretende louvar sempre a Deus precisa de estar consciente do próximo passo que Deus espera dele. Cada passo que tomamos para perto da vontade de Deus é um passo na direcção de um mais perfeito louvor.

O Custo do Louvor
"... levando o seu vitupério." (Heb. 13:13b)
Temos de estar conscientes que o perfeito louvor é um sacrifício. Um sacrifício é algo que tem um custo. O rei David recusou oferecer a Deus um sacrifício que não lhe tinha custado nada (II Sam. 24). O nosso texto desafia-nos a ir a Cristo levando a Sua vergonha (esse é o significado de vitupério). Para um judeu era impensável atribuir honra a alguém que tivesse sido executado como um criminoso. Uma das grandes dificuldades do cristianismo primitivo é convencer as pessoas que aquele homem que tinha sido crucificado era o Salvador do mundo enviado por Deus. A lei de Moisés dizia claramente que era amaldiçoado aquele que fosse pendurado num madeiro (Deut. 21:22-23). Por isso os primeiros crentes eram ridicularizados. Eles não perdiam apenas as suas famílias e casas e terras e posses. Eles não perdiam apenas as suas vidas (muitas vezes). Eles perdiam a sua honra. Se para si é fácil ser cristão é porque não está a compartilhar o evangelho com as pessoas certas. É difícil amarmos alguém, orarmos por essa pessoa e não conseguirmos falar-lhe de Cristo sem sermos desprezados. A nossa carne não lida bem com o desprezo.
Mas há neste texto duas ideias que nos ajudam. Em primeiro lugar, este é o Seu vitupério. Jesus levou como Sua a maldição que nos era destinada. Para podermos ser livres e entrar na presença do mais santo Deus, Ele que era puro tornou-Se maldição por nós. Não há desprezo que nos dediquem que ultrapasse a solidão da cruz. Ele já sofreu a nossa vergonha. Ele pagou o custo do nosso louvor!
Em segundo lugar, vale a pena levar a vergonha de Cristo porque o fazemos de forma temporária. O v. 14 diz, "porque não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a futura." Busque alívio nesta verdade. As dificuldades deste mundo querem dificultar o seu sacrifício de louvor. Perceba que o louvor é possível em qualquer situação porque os seus problemas são temporários e o custo do louvor já foi pago.

A Causa do Louvor
"...ofereçamos sempre, por ele, a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome." (Heb. 13:15).
O louvor não é apenas aquela parte do culto das igrejas em que as pessoas cantam a Deus, o louvor deve ser oferecido sempre a Deus. Também, o louvor não serve para preparar as pessoas para a mensagem. O louvor não é um meio, o louvor é um fim. Como todos os fins, o louvor tem uma causa. Aprendemos aqui que o louvor é o fruto dos lábios que confessam o seu nome. O perfeito louvor é o sacrifício que um coração em paz com Deus deposita no altar dos lábios de um pecador que foi salvo por Deus. Aqui está uma verdade revolucionária. Eu sou a favor da qualidade de tudo o que se faz para Deus. Os cultos das nossas igrejas devem ser preparados com interesse e devoção porque são feitos para Deus. A música das nossas igrejas deve ser preparada e apresentada com toda a qualidade possível, para que o nome do Salvador seja exaltado. No entanto, mesmo quando não há música, mesmo quando há nossa volta no salão de cultos estão apenas 3 vozes desafinadas, o nosso louvor pode e deve ser especial. Isso acontece quando estamos a andar com Deus e conscientes do custo do nosso sacrifício a Ele. O louvor é o fruto que apresentamos sempre a Deus e ele é especial em cada uma dessas vezes! 


Conclusão
Se a sua vida de oração lhe parece seca e sem sentido, se as músicas que canta a Deus na igreja lhe saem do hábito e não do coração, então pense nestas verdades. Você precisa voltar as costas ao seu pecado e dar passos certos na direcção da cruz. Se você é salvo, você tem acesso directo ao trono de Deus. O que tem para Lhe oferecer quando lá chega?          

1 comentário:

  1. Que possamos ter coragem como o salmista Davi: "Preparado está o meu coração, ó Deus; cantarei e salmodiarei com toda a minha alma" Salmo 108.1

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